Sempre falo que a nutrição que me escolheu durante a minha jornada. Em 2015 meu pai foi diagnosticado com Cirrose Hepática decorrente da Esteatose Hepática não tratada.

Como sou filha única e extremamente próxima dos meus pais, sempre participei de tudo e nesse período não foi diferente. A principal recomendação médica foi a mudança na alimentação e assim acompanhei todas as mudanças e começou a me chamar a atenção de como o alimento moldava tanto a qualidade de vida dele.

Pois junto de uma cirrose tínhamos alterações no organismo como um todo. Por exemplo a confusão mental, caracterizada pela Encefalopatia hepática que é considerada uma das principais consequências da Cirrose.

Eu achava impressionante como a alimentação dele moldava a presença da confusão mental, da fadiga, da sonolência, do humor…
Por coincidência da vida (ou não) era meu ano de prestar vestibular e eu já tinha iniciado o meu cursinho para Medicina que sempre foi o meu desejo.

Continuei no cursinho mas no final das contas eu nunca prestei Medicina. Fui logo conhecer o Centro Universitário São Camilo e em 2016 lá estava eu iniciando a Nutrição.

Durante os meus 3 primeiros anos da faculdade eu vi de perto a teoria da faculdade com essa prática dentro da minha casa. Tive o prazer de ver o meu pai rejuvenescer por dentro e por fora e até ser avisado que sairia da fila do transplante em alguns meses pela resposta incrível do seu fígado.

Mas de tudo que aprendi durante o tratamento, o principal foi que todos os profissionais não tratavam apenas a doença em si, mas se preocupavam em ele realmente se sentir vivo e ter qualidade de vida. Foi esse o profissional que sempre me espelhei em ser.

Foi observando tudo isso acontecer que inicie no segundo ano a Iniciação Científica na UNIFESP, pois eu tinha cede em aprender mais sobre o fígado, saúde mental e alimentação. Foi lá que comecei a entender o mundo da pesquisa e me encantei novamente com a nutrição (e com o fígado).

Em 2018, mesmo sendo avisado que poderia sair da fila do transplante em breve, o meu pai recebeu a ligação notificando que era a vez dele na fila depois desses anos. E por escolha dele, foi realizar o transplante. Infelizmente teve rejeição do órgão e faleceu 2 dias após a cirurgia.

Em 2019 eu me formei e fui chamada pela minha orientadora da Iniciação Científica para fazer o Mestrado em saúde hepática com foco em esteatose.

Além disso, logo fui atender em uma Clínica multidisciplinar e com o passar do tempo fui recebendo cada vez mais pacientes portadores de Esteatose Hepática. Assim fui unindo o Mestrado com a minha prática clínica, o que foi diferencial para sucesso em ambos.

Foi com esses anos de atendimento e finalização do Mestrado, que eu entendi perfeitamente a minha missão nessa história toda. Cada dia que passa, tento colaborar cada vez mais com a diminuição dos casos de Esteatose Hepática, um dos nossos problemas de saúde pública. Afinal, eu aprendi que meu melhor lugar é no início da doença para não chegarmos nos estágios finais, como a Cirrose.

Além de claro, colaborar com a qualidade de vida de todos os pacientes independente do diagnóstico.